Este vídeo é parte de uma entrevista com o Profº Ladislau Dowbor para Rede Vida em Maio de 2004. Para ele, "frente à explosão atual do universo do conhecimento e das tecnologias correspondentes, a escola tem de repensar o seu papel. A visão geral é que precisamos de uma escola um pouco m enos lecionadora, e mais organizadora dos diversos espaços de conhecimento que hoje se multiplicam, com televisão, internet, cursos de atualização tecnológica, processos de requalificação empresarial e assim por diante. Na sociedade do conhecimento, a escola, que tem no conhecimento a sua matéria prima, tem de assumir um papel muito mais central.
O primeiro aspecto que gostaria de destacar da fala do professor Ladislau, diz respeito à questão do "volume de informação que é imenso", mas que é preciso ensinar a "selecionar as informações significativas". Sou professor de Filosofia, e nestes 12 anos trabalhando com essa disciplina o que mais me impressionou é como grande parte dos alunos não sabem lidar com a questão da pesquisa. Sei que isso é algo comum entre as todas as disciplinas. O problema é que em se tratando da Filosofia, há uma exigência, por isso, a lei pressupõe, que o aluno do Ensino Médio, por exemplo, já traga consigo algumas estruturas lógicas adquiridas ao longo do processo. Mas parece que falta algumas estruturas lógicas básicas que possibilitem essa “garimpar” informações. Apesar da quantidade de material de pesquisa presentes nos livros, apostilas e textos, os alunos não conseguem identificar o que é mais significativo. Sempre trabalhei com mapas conceituais, mas sempre fiquei impressionado, admirado como o aluno não consegue colher do textos as ideias ou conceitos principais. Até agradeciam quando ensinava essa técnica.para eles. Todavia, fico observando que com as novas TICs o problema só tem se agravado. Já que passaram a simplesmente imprimir ou utilizar a técnica do CTRL+C / CTRL+V para “vomitar” os textos dispostos nos sites de busca. Do jeito que aparece na tela, eles consideram aquelas informações significativas.
Porém, tenho ciência que esse problema não se limita ao universo do aluno. A cada dia que se passa, na função de coordenador pedagógico, percebo como é difícil para o professor organizar todo calhamaço de informações e conhecimentos em prol de uma ação prática, principalmente, se neste meio estiver inserido as novas TICs. Ou seja, se refere diretamente a retomada da frase de Montaine em relação à “cabeça bem cheia” e à “cabeça bem feita”. São simples detalhes das novas TICs que assustam os professores de tal modo que, apesar do conhecimento adquiridos e transmitidos, são incapazes, muitas vezes de, por exemplo: discernir onde se encaixa o cabo do DVD, apesar de ter uma cor correspondente a cada conexão?!; como descobrir qual é a função do PLAY no DVD?!; como ligar um cabeamento na energia de um projetor?!. São situações simples para quem conhece um pouco das novas TICs, mas que para muitos educadores são ações práticas que os fazem desistir de trabalhar com as novas TICs, apesar do enorme quantitativo de conhecimentos-teóricos.
Neste sentido, concordo com o professor Ladislau quando afirma da necessidade de uma retomada do significado e papel da escola no contexto atual. Não estamos mais no século XIX, onde as tecnologias estavam disponibilizadas à pequenos grupos da sociedade. Hoje, ao contrário, temos tecnologias presentes e disponíveis a todos. Quase todos tem celular, mas não sabem como utilizar suas funções. Com o projeto do Governo, muitos professores tem notebook, mas pensam que seu uso só se resume a digitar textos, ver fotos ou escutar músicas. Muitos tem acesso a Internet, mas só a utilizam para ver Orkut, MSN, e-mail e notícias nos jornais, não conseguindo mensurar as inúmeras possibilidades para o uso de tal recurso.
É uma realidade brasileira que precisamos mudar, mesmo sabendo que isso demanda tempo e políticas públicas mais eficazes. Se tiver coragem e quiser se arriscar neste desafio, seja bem vindo ao grupo!
Por Osvaldo Lima
Nenhum comentário:
Postar um comentário