O vídeo proposto para reflexão me fez pensar em 100 metros de cabos de som. Confesso que 100 metros de cabos de som podem fazer a diferença entre uma proposta inovadora de educação e o tradicional quadro negro. Para você entender, vou relembrar a elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola em que trabalho. Lembro-me que a uns três ou quatro anos, na antiga gestão, pediram-me para elaborar três projetos para incluírem novas tecnologias no processo de aprendizagem. Foi quando montei a proposta da rádio-escola, do jornal e da inclusão digital para professores. Fui convidado para ser coordenador do PDE e assim conseguimos elaborar um plano de ações que dispôs verba para conseguirmos adquirir o material necessário para implementar a rádio-escola e o jornal. Conseguimos montar a sala de informática, tendo como parceria o PROINFO. Apesar de terem poucos computadores, já era alguma coisa. Mas tudo esbarrou na "boa vontade" de muitos educadores e membros do corpo diretivo da instituição...que no momento, são coisas que não vale a pena citar. O fato é que, apesar disso, tínhamos alguns recursos tecnológicos para trabalhar com os alunos... Depois de muita briga, voltei no ano seguinte para a sala de aula. Apesar dos problemas passados, o que valeu a pena foi ver o entusiamos dos alunos diante da proposta de utilizar novas tecnologias, principalmente, no que diz respeito a rádio. Aproveitei as aulas de Filosofia, seus conteúdos e problemas, para propor a elaboração dos programas da rádio-escola. A partir das discussões filosóficas dos conteúdos e conceitos filosóficos, os alunos foram incentivados a atualizarem as reflexões dos filósofos abordando temas da atualidade, votados para o universo da juventude. Foi então que inseri a proposta da rádio-escola. Todos os grupos fizeram o exercício de discutir e definir uma temática para elaborar um programa para a rádio-escola, que tinha a duração do intervalo da escola. Foi gratificante ver os alunos atuando. Aquele trabalho de pesquisar sobre o tema definido, buscar e selecionar músicas sobre as temáticas escolhidas por eles e produzir as narrativas do programa. Vi meus alunos sendo sujeito do conhecimento. No geral, surgiram programas maravilhosos. Infelizmente, não conseguimos efetuar os programas devido à alguns problemas técnicos (falta de verba para comprar 100 metros de cabo para as caixas de som). Confesso que poderia ter tirado do meu bolso o dinheiro para comprar o que faltava. Ou até mesmo, fazer uma rifa ou algo parecido. Mas as afirmações nada “animadoras”, me fizeram ficar paralisado, sem reação diante de todo trabalho anterior realizado. Agindo com imaturidade, acabei sendo conivente diante da situação, e desisti! Apesar da frustração, até hoje guardo com carinho o trabalho dos alunos. Foi um momento importantíssimo da minha vida como educador, pois não interferi em nenhum momento no processo de criação. Tudo foi produzido pelos alunos na sua simplicidade de pensar e colocar num papel tudo o que poderia ser feito com aquela nova tecnologia disponível: aparelho de som, microfone, mesa de som e as caixas de som. De sair pesquisando na internet a letra das músicas, para fazer conexões com a temática escolhida. De buscar ajuda com a professora de Língua Portuguesa para revisar o texto que seria narrado. Foi uma experiência maravilhosa. Mas, só ficou faltando 100 metros de cabo!
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